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O que fica de Tokyo 2020?




Olá caro leitor.


Encerrados os Jogos de Tokyo 2020 e já nos toma aquela sensação de saudade e de “quero mais” para aqueles que amam esporte. Fato é que quem acompanhou a olimpíada pode ver mais um espetáculo grandioso que marca a história dos Jogos. Maravilhosa organização japonesa que superou adversidades mil para entregar um evento exemplar, mesmo sem publico e, muito provavelmente, sem o retorno financeiro que se esperava. O Japão mostrou ao mundo que podemos vencer juntos!

Uma olimpíada marcada por um momento delicado para o mundo todo por conta da pandemia, que no caso do esporte, nos serviu para mostrar uma certa igualdade entre os povos. Sem exceção, todos os atletas sofreram influencia em seu programa de preparação para a competição, isso ficou bem claro vendo a forma que os atletas lidaram com as conquistas. Pudemos ver um lado ainda mais humano nos atletas, mesmo naqueles de origem e culturas tradicionalmente menos emotivas.


O quadro de medalhas mais disputado e a quebra de uma evidente hegemonia americana se consolidaram nesses jogos. Resultados de atletas de países de pouca expressão em modalidades tradicionais e a ausência de unanimidades olímpicas como Phelps e Bolt, deram um ar de maior equilíbrio nas provas.


Acredito que o reflexo das dificuldades enfrentadas nesse ciclo olímpico pelos atletas de delegações mais favorecidas e estruturadas, possibilitou que esses percebessem o quão complexo é chegar ao patamar olímpico quando não se tem condições ideais de treinamento valorizando ainda mais a participação e as pequenas conquistas individuais. Esse legado certamente não será esquecido pelos atentos treinadores e dirigentes de nações evoluídas que deverão usar isso a seu favor nas próximas preparações olímpicas.


Os brasileiros, que nunca tiveram vida fácil no esporte olímpico, deram uma mensagem clara. “Nós podemos ser bem maiores”. Um conjunto de fatores positivos nos alçou a melhor campanha olímpica brasileira. Que fique bem claro que isso tem muito pouco a ver com uma evolução estrutural no esporte olímpico nacional.


Eu destacaria aqui a nossa habitual forma de lidar com a adversidade que nos colocou a frente em relação a pandemia, o ingresso de novas modalidades no quadro olímpico em que nos destacamos como referencia a anos que é o caso do Surf e do Skate, além dos nossos heróis olímpicos que surgem de puro talento e conquistam a glória basicamente por mérito próprio e de um pequeno clã de apoio sem recursos.


Salvo o orgulho e a emoção proporcionada por todos os atletas brasileiro que lá estiveram, medalhistas ou não, temos pouco o que comemorar numa visão macro do esporte. É notório o abandono do esporte olímpico em relação a uma política publica de desenvolvimento do esporte. O esquecimento olímpico não é menor quando avaliamos o envolvimento da mídia esportiva durante o ciclo olímpico. Aí temos uma combinação especialmente letal para o esporte.


Sem enxergarmos o esporte como ferramenta de saúde pública, inclusão social, formação educacional, oportunidade de trabalho, desenvolvimento de mercado e no final da cadeia, formação de atletas de alto rendimento, seguiremos a mercê do destino que nos revela a cada tanto um novo verdadeiro herói olímpico.


Da mesma forma, sem o interesse informativo da grande mídia, um acompanhamento do desenvolvimento dessas modalidades, sem vantagens comerciais instantâneas e grandiosas, o esporte olímpico não tem espaço para mostrar sua cara durante todo o ciclo olímpico. Isso quer dizer: sem espaço e sem exposição = sem patrocínio e sem verba. E dessa forma giramos em falso ano após ano.


Se governo e a grande mídia, que tem por vocação em suas origens, interesse e teoricamente compromisso com o desenvolvimento e a informação, cada qual em seu DNA, não atuam de maneira concreta a fomentar o esporte, resta a nossos atletas a batalha épica de Ulisses rumo a medalha em Paris.


Não se trata de uma visão pessimista do cenário desportivo brasileiro e sim de um alerta crítico quanto as possibilidades que temos como nação de avançar verdadeiramente há um modelo concreto de desenvolvimento do esporte.


Saúdo orgulhoso, atletas e profissionais que fizeram parte desse duro ciclo olímpico, certo de que fizeram seu melhor, honraram nossa bandeira e estão de volta prontos para fazer ainda mais.






Fabricio Vieira

CEO da Interativa Esporte, é Especialista em treinamento Esportivo e Pós Graduado em Administração e Marketing Esportivo. Técnico de natação em duas Paralimpíadas (Londres 12 | Rio 16).



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